Todo Amor Que Houver Nesta Vida

Belo Horizonte

A alegria de ajudar o próximo!

O que fazer quando se perde um filho? O que fazer para continuar vivendo com uma dor insuportável que lhe arranca todo dia um novo pedaço? Entregar, morrer ou superar?

O que fazer para superar e compreender que ainda que quiséssemos nosso filho ao lado, creio que não existiria no universo um lugar melhor para ele estar.

A morte de nosso filho trouxe pensamentos ruins. Acostumei-me com seu sorriso, seu cheiro, com seus gestos de carinho e amor. Afinal, foram 22 anos cuidando e amando um anjo especial limitado a uma cadeira de rodas, vítima de paralisia cerebral.

Quando nosso filho faleceu, uma grande parte nossa se foi também e foi preciso  ter uma grande força para superar a dor da perda. A saudade machuca em uma terra estranha chamada coração, onde não podemos tirar com as mãos e não existe ferramenta capaz de arrancar a dor de lá.

Cinco dias após Gedeon nos deixar uma senhora veio até nós e pediu emprestada a cadeira de rodas que ele havia usado por muitos anos. Senti uma dor no coração naquele momento. A perda de nosso filho era recente e pensávamos que deveríamos deixar tudo dele intacto. Com muito receio emprestamos a cadeira de rodas e dois dias após, outra senhora nos procurou pedindo emprestada a mesma cadeira. Algo nos tocou. Aquela senhora precisava mesmo de ajuda. O filho dela precisava se locomover e naquele momento encontramos a cura para superar a perda de nosso filho.

Fomos ao ferro-velho e compramos uma cadeira de rodas com o intuito de reformá-la e doar para aquela senhora. Dois dias após, entregamos a cadeira em boas condições de uso. O sorriso  dela e do filho foi a cura para nossa dor.

A palavra superação cabe muita bem na história de nossas vidas. Nosso filho Gedeon nasceu especial. Não andava e não falava mas conquistava à todos com seu carisma e amor. Tornou-se nosso mestre por contribuir com nosso trabalho de amor e dedicação ao necessitado que fazemos há dez anos.

Hoje ao reformar uma cadeira de rodas, sentimos a presença de nosso querido filho orientando a fazer o bem e nos chamando a responsabilidade em ajudar o próximo. A cada cadeira entregue, sinto seu abraço e vejo o sorriso de nosso filho refletido em forma de agradecimento de um necessitado.

 A alegria de poder ajudar o próximo nos renova em forma de superação e motivação.